Se algo acontecer... Te amo (part. Samila Karla) EP#18
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Foto: 6tou, arquivo pessoal, 2020. |
Noite
de sexta-feira, 23 de novembro de 2020. Essa foi definitivamente uma semana difícil
para os amantes do futebol em todo o mundo, os fãs deram o último adeus ao
craque e ídolo argentino Diego Armando Maradona Franco, o ex-futebolista e
treinador faleceu na última quarta-feira, vítima de uma parada cardiorrespiratória,
segundo a imprensa. Essas notícias sempre chocam a gente, seja você uma pessoa que
curte o esporte ou não, Maradona deixou um legado inestimável para a Argentina
e para o restante do mundo e isso nunca será esquecido. Enfim, por aqui a gente
segue e hoje vamos continuar falando sobre essas perdas inesperadas e sobre uma
garotinha que gostava muito de futebol. O que acontece com quem fica por aqui? Como
as pessoas lidam com as suas dores? Cada um vive o luto da sua forma e o
curta-metragem intitulado “Se algo acontecer... Te amo”, aborda isso de uma
maneira muito sensível e que é impossível assistir sem se emocionar do começo
ao fim com toda a história. Tá começando mais um 6tou.
O
filme foi lançado em 04 de março de 2020 durante uma exibição privada na United
Talent Agency em Beverly Hills e chegou à Netflix no dia 20 desse mês. Dirigido
por Michael Govier, Will McCormack, o filme conta a história de um casal que enfrenta
o vazio emocional e o luto pela morte da filha. Eu estava simplesmente fazendo
aquelas buscas aleatórias no catálogo da plataforma e me deparei com o
curta-metragem no ranking dos mais vistos na última semana. Curioso, resolvi
assistir, mas não criando expectativa alguma, mas os 12 minutos daquela
delicada história foi tratada com tanta profundidade que não consegui segurar o
choro. Eu não fazia ideia do que se tratava antes de assistir, então fui
fazendo as minhas suposições logo nos primeiros momentos do filme.
A
gente vê um abismo enorme durante uma refeição em um dia comum na vida de um casal.
O filme não apresenta diálogos, mas eu acho que foi até proposital porque ainda
que houvesse, eles dois não teriam muito o que dizer entre eles, dado que as
suas feições eram totalmente desanimadas e apáticas a tudo e a todos. Foi nesse
momento, dentro das minhas suposições, que eu achei que eles tivessem enfrentando
o fim de um relacionamento, o que de certa forma fez algum sentido
posteriormente. Porém o motivo real de toda aquela tristeza só foi revelado
gradualmente e isso fez com que eu ficasse preso ao que iria acontecer a cada
sequência do curta. Importante que cada elemento que aparece nessas cenas iniciais:
o prato com macarrão, o buraco na parede preenchido com tinta azul, a porta
daquele quarto que precisa ficar fechada, o gatinho que olha para aquela porta
e algo muito, mais muito relevante para o desdobramento da história que foi a
presença das almas de cada um dos dois ali tão distantes quanto os corpos
físicos de ambos. Sim, essa é uma trama que fala, dentre outras coisas, sobre a
paz de espírito.
As
almas ali já se encontram num conflito que transpassa o mundo dos vivos, é como
se elas se comportassem daquela forma em decorrência de algo não resolvido aqui
na terra. E é aí que a gente descobre o motivo de tanto silêncio ensurdecedor: aquele
casal havia perdido a filha num trágico tiroteio dentro da escola que tirou a
vida dela aos 10 de anos idade. Essas lembranças são ativadas no momento em que
a mãe dela recolhendo as roupas ali pra lavar acaba encontrando uma camisa sua,
talvez uma das suas poucas peças de roupa que ela teve contato em muito tempo.
É aí que entendemos que aquele quarto que sempre estava fechado e com o gatinho
olhando a espera de algo que iria sair dali, era na verdade o quarto da filha
deles e tudo ainda estava da mesma forma desde a última vez em que ela saiu...
pra não voltar mais.
Nesse
momento em que a mãe dela abraça a camisa aos prantos, cheia de saudades, a
bola de futebol que ela tanto gostava de jogar cai de cima do armário e milagrosamente
atravessa toda a casa até entrar naquele quarto e esbarrar no antigo tocador de
disco de vinil que naquele instante começa a reproduzir a música que ela tanto
gostava, transbordando todo aquele ambiente cinza em um lugar novamente
colorido. A alma da garotinha sai literalmente do tocador dançando e para a
alegria dos pais espirituais, e dos pais vivos todas as lembranças voltam e
começam a ser recontadas no momento em que as três almas, mãe, pai e filha
mergulham simbolicamente na camisa que despertou a saudade daquela mãe
angustiada.
Eu
perdi a minha vó esse ano e creio que muitas pessoas também tiveram alguma
perda em toda a crise que a gente tá. E como eu disse, cada um lida da sua
forma com o que sobra da gente que ficou por aqui. A Samila é uma pessoa que me
inspira muito e esse é um assunto muito delicado para nós dois, mas assim como
eu, ela também assistiu ao curta e teve uma outra visão sobre tudo o que foi discutido
ali. O que você tem a dizer para quem está nos escutando agora.
Samila
comenta sobre o curta.
Bom gente, infelizmente não existem fórmulas mágicas ou receitas infalíveis para lidar com o luto, mas a gente aprende a canalizar pensamentos e atitudes que nos ajudem nessa longa jornada. Entramos no luto, sofremos e temos que aprender a lidar com a ausência e com a distância. O casal de almas no filme só encontrou a paz depois que aprenderam a lidar com a ausência e distância da filha e assim acontece com todo mundo tem o seu tempo, e a gente precisa estar livres, não nos cobrarmos tanto até consigamos nos adaptar e aprender a sobreviver sem a pessoa que já está mais nesse plano com a gente. Esperamos que esse curta metragem possa ajudar você nesse momento difícil. Um abraço e até mais.
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